
O início do processo de redução da taxa Selic no Brasil dá mais força para quem já tem investimentos no exterior ou quer dar início à internacionalização da carteira. E para quem quer renda fixa nos Estados Unidos, agora é a oportunidade de garantir uma taxa de rendimento em dólar que é a maior em 15 anos.
“Um ciclo de juros em queda no Brasil vai deixando o investimento no exterior, incluindo renda fixa, mais atraente. São níveis de taxas de juros nos Estados Unidos que fazem sentido”, diz Mario Maia Nevares, sócio responsável por investimentos internacionais na G5 Partners. “O Fed [Federal Reserve, banco central americano] até pode fazer mais uma alta de juros lá, mas a maior parte do trabalho já foi feito”.
Aqui no Brasil, o Banco Central reduziu a taxa básica em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano, nesta quarta-feira (2). E são esperadas novas reduções até o final do ano. Já nos Estados Unidos, a taxa está na faixa entre 5,25% a 5,50% ao ano, com uma probabilidade pequena de mais uma alta ainda em 2023. Ao contrário do BC brasileiro, no entanto, o Fed só deve começar a cortar os juros a partir de 2024.
Como o Brasil tem estruturalmente taxas de juros mais altas do que os Estados Unidos, é muito normal os investidores tomarem dinheiro no “irmão do norte” e emprestarem em terras brasileiras.
Para base de comparação, atualmente, a Fed Funds, taxa básica americana, está no intervalo de 5 a 5,25%. A Selic, que é a taxa brasileira, está em 13,25%. Por mais que a diferença nominal não seja a única coisa a se avaliar, é preciso levar em consideração outras coisas.
Nevares lembra que a Selic em um patamar elevado tira a atratividade de outros investimentos, no Brasil e no exterior, mas que o processo de redução contribui para que o investidor passe a olhar outras alternativas. No entanto, ressalta que a internacionalização da carteira tem benefícios independente do diferencial entre os juros no Brasil e no exterior.
“É uma opção sob a ótica de diversificação, de acesso a novos mercados, de exposição a setores diferentes e a ativos que ainda não existem no Brasil. É uma forma de o investidor não correr só o risco Brasil, mas claro que os juros em queda estimulam o investidor a pensar em outras fontes de retorno”, conta.
Na avaliação do especialista da G5, o início da queda de juros nos Estados Unidos irá depender do quanto a inflação irá ceder. Enquanto isso não acontece, os títulos do Tesouro americano de dois anos estão pagando cerca de 4,9% ao ano e os de dez, cerca de 4,2%.
Fonte: Invest News