Estou ciente de que os dados fornecidos são exclusivamente para cadastro mencionado no formulário. Após finalização, os dados serão armazenados pela Deltec Contabilidade de forma segura, apenas com a finalidade de manter histórico de atividades realizadas e sem hipótese de transmissão a terceiros, conforme Lei nº. 13.709/2018 - Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)
Para mais informações, você pode visitar nossa Política de Privacidade.
HÁ MAIS DE 40 ANOS NO MERCADO




Postos não repassam queda no preço da gasolina e ainda aplicam aumentos, aponta AGU


A Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou, ontem, a abertura de uma investigação sobre possíveis práticas anticoncorrenciais no mercado de combustíveis. A medida foi tomada após a identificação de indícios de que distribuidoras e revendedores não estariam repassando ao consumidor final as reduções nos preços feitas pelas refinarias, especialmente pela Petrobras, ao longo dos últimos 12 meses.

Segundo a AGU, o levantamento que embasou o pedido foi feito com base em dados enviados pela Secretaria Especial de Análise Governamental, da Casa Civil, e pela Secretaria Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). A análise aponta que, entre julho de 2024 e junho de 2025, a Petrobras realizou sete ajustes nos preços de gasolina, diesel e gás liquefeito de petróleo (GLP), sendo três aumentos e quatro reduções.

O problema, segundo o órgão, é que os repasses feitos pelos distribuidores e postos de combustíveis não seguem o mesmo padrão: quando há aumento nas refinarias, os reajustes são repassados integralmente —e, muitas vezes, até com margens acima do previsto. Já nas reduções, os valores não caem na mesma proporção, o que teria gerado um lucro adicional absorvido pelos intermediários, em prejuízo direto ao consumidor.

Com a fiscalização presencial da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) temporariamente suspensa por conta de um impasse jurídico, aumenta a preocupação sobre a transparência e a conduta no mercado de combustíveis. A ausência de agentes em campo pode dificultar a identificação de práticas irregulares em postos e distribuidoras, como adulteração de combustíveis e manipulação de bombas. Diante desse cenário, cresce a importância do monitoramento por parte de órgãos como a AGU e o Cade, além do papel do consumidor em denunciar abusos e desconfiar de preços muito abaixo da média.

A situação foi verificada com maior intensidade na região Norte, especialmente em relação ao fornecimento da Refinaria da Amazônia (REAM) e ao mercado de distribuição de GLP. O pedido de investigação foi formalmente encaminhado a diferentes órgãos: ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), à Polícia Federal, à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e à Procuradoria Nacional da União de Patrimônio Público e Probidade, unidade da AGU vinculada à Procuradoria-Geral da União (PGU).

O documento enviado pela AGU também cita um relatório do próprio Ministério de Minas e Energia que confirma que os reajustes aplicados pelas refinarias não vêm sendo acompanhados de forma proporcional nos elos seguintes da cadeia. Procurado pelo Correio, o MME respondeu que o ministro Alexandre Silveira tem coordenado uma força-tarefa, a nível nacional, entre órgãos de segurança e de fiscalização, com objetivo de implementar e fortalecer as ações voltadas ao combate de fraudes e práticas criminosas no setor de combustíveis.

"Esse trabalho envolve um conjunto de esforços do MME, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon/MJ), Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e outros órgãos da Administração Pública Federal", destacou, em nota, a pasta.

Pesquisa

De acordo com um levantamento realizado pela Edenred Ticket Log e publicado ontem, apesar de ter registrado queda no mês passado, o preço da gasolina apresentou apenas um leve recuo no valor final das bombas em todo o Brasil. A pesquisa mostra que, em junho, o preço médio da gasolina no país caiu 0,78% na comparação com o mês anterior, e atingiu R$ 6,38.

Em valores nominais, a redução foi de apenas R$ 0,05. No entanto, foi menor do que o reajuste de R$ 0,17 (-5,6%) implementado pela Petrobras no início do mês. "Isso mostra que o repasse ao consumidor foi bem mais contido, possivelmente por conta da concorrência entre os postos e da dinâmica regional de distribuição", avalia o diretor de Operações e Transformação de Negócios da Edenred Mobilidade, Renato Mascarenhas.

Já o etanol seguiu em queda e recuou 1,35% no mesmo período, chegando ao preço médio de R$ 4,39, por litro, na média geral. A pesquisa endereçada pela Edenred Ticket Log considera a média do valor praticado em cerca de 21 mil postos de abastecimentos credenciados em todo o país.

A nível regional, os menores preços foram identificados no Sudeste, onde o etanol ficou por volta de R$ 4,26 e a gasolina fechou em R$ 6,22. Já as médias mais altas ficaram na região Norte, onde tradicionalmente os valores dos combustíveis são mais caros: R$ 5,21 para o etanol e R$ 6,85 para a gasolina. O Distrito Federal foi a unidade da Federação (UF) onde teve a maior queda no mês, com o valor do litro recuando 1,61% e registrando média de R$ 6,71.

No DF, consumidores já sentiram o efeito da gasolina mais cara. Ontem, ainda de madrugada, os postos elevaram o preço do litro da gasolina para R$ 6,89, em média — até R$ 0,50 a mais, tendo em vista que estava sendo vendido entre R$ 6,39 e R$ 6,59 na manhã de ontem.

Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF) alega que o "etanol anidro que compõe a gasolina teve elevação significativa nos últimos 20 dias e as distribuidoras elevaram os preços ao revendedor". "Estamos supondo que seja consequência da elevação do preço do anidro, pois as companhias não se manifestaram quanto aos seus valores", completa o Sindicombustíveis.

Fonte: correiobraziliense