Estou ciente de que os dados fornecidos são exclusivamente para cadastro mencionado no formulário. Após finalização, os dados serão armazenados pela Deltec Contabilidade de forma segura, apenas com a finalidade de manter histórico de atividades realizadas e sem hipótese de transmissão a terceiros, conforme Lei nº. 13.709/2018 - Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)
Para mais informações, você pode visitar nossa Política de Privacidade.
HÁ MAIS DE 40 ANOS NO MERCADO




Dívidas no rotativo do cartão de crédito atingem maior valor em 8 anos, aponta BC



Está cada vez mais difícil para o trabalhador brasileiro manter as contas em dia. A inflação elevada associada ao desemprego e à renda domiciliar no menor nível desde 2012 estão levando muitas famílias a recorrem ao rotativo do cartão de crédito, quando o consumidor não paga a fatura completa até o vencimento.

De acordo com dados do Banco Central, essa modalidade atingiu R$ 159,3 bilhões em novos empréstimos nos seis primeiros meses deste ano, atingindo o maior nível para o período desde 2014. À época, foram concedidos R$ 174,7 bilhões, considerando a correção pela inflação.

“Um dos resultados muito ruins da pandemia e da crise causada pela guerra entre Rússia e Ucrânia foi o aumento em níveis mundiais da inflação. Apesar de estarmos recuperando nível de emprego e de um certo dinamismo econômico, com as pessoas circulando mais, o fato é que a renda média do brasileiro caiu bastante, e a inflação corroeu o poder de compra dessa renda que já é menor. Muitas pessoas continuaram a usar o cartão de crédito para fazer as compras e, com a renda caindo, as famílias têm menos dinheiro”, avalia Carlos Caixeta, economista e membro do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).

O rendimento médio mensal domiciliar por pessoa caiu 6,9% em 2021 e passou de R$ 1.454 em 2020 para R$ 1.353, menor valor da série histórica, iniciada em 2012, pela Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e divulgada recentemente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Além disso, o endividamento e a inadimplência das famílias avançaram. De acordo com a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), realizada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), 29% das famílias brasileiras contavam com algum tipo de conta ou dívida atrasada em julho, maior percentual de inadimplência registrado desde 2010, quando começou a apuração mensal do indicador.

Também o endividamento das famílias brasileiras chegou a 78% em julho, maior índice registrado nos últimos 12 anos. O percentual de comprometimento da renda permanece no mesmo valor, em 30,4%, desde abril, mas 22% dos brasileiros estão com mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas.

“Especialmente nas classes C, D e E, os custos dos alimentos pesam muito e, por isso, carregaram dívidas muito fortes no cartão de crédito, que tem custo médio de 370% no ano. É um crédito muito caro porque é muito fácil, o valor já está pré-aprovado, mas a conta chega”, alerta Caixeta. “Mesmo com todas as dificuldades, as pessoas continuaram comprando e rolando a dívida, pagando o mínimo, se esforçando para comprar o mínimo possível porque está mais caro”, complementa o especialista.

A boa notícia é que julho foi o terceiro mês consecutivo com queda das dívidas de cartão de crédito (1,2% a menos em relação a junho), conforme dados da CNC. Do total de endividados no país, 85,4% possuem dívidas no cartão de crédito, proporção que havia chegado a 88,8% em abril deste ano.

“As famílias têm buscado alternativas de crédito mais baratas por conta dos juros elevados. Com isso, carnês de loja e crédito pessoal foram as modalidades que avançaram no endividamento, neste início de semestre, representando 18,8% e 9,2% do total de famílias com dívidas, respectivamente”, analisou à época Izis Ferreira, economista da CNC, responsável pela pesquisa.

Fonte: InfoMoney | 20/09/2022